sexta-feira, 10 de abril de 2015

"A minha boca parece um deserto" de Jorge Serafim


A Minha Boca Parece um Deserto,
o último livro da autoria do contador de histórias Jorge Serafim,
com ilustrações de José Francisco. Edição de Autor, 2013.

“Depois de dez dias passados a contar histórias em Cabo Verde, nas ilhas de Santiago e de São Vicente, a minha filha, Georgina, na altura com cinco anos e meio, deu-me a frase que fez esta história. Aprendeu a aridez da terra e a perseverança que está na alma dos caboverdianos. Na véspera de regressarmos, à noite na biblioteca do instituto Camões-Mindelo, a sede impacientava-a. A mãe dizia-lhe: aguenta um bocadinho, filha. O pai é que tem as garrafas de água. Não o podemos interromper. Está a contar histórias. Mas mãe, devolveu decidida a minha filha: tenho tanta sede, tanta sede que a minha boca parece um deserto!
Quando Aurora, a mãe, me contou, esverdeou-se-me o coração. A poesia pintou a ilha. Esta história é uma homenagem a todas as frases belas com as quais me sinto premiado enquanto pai.”
Fonte: interior do livro

"Meu pai anda nervoso. Ainda o sol não abriu o dia 
e já está cismando no horizonte uma pinga de esperança"

Ilustrações de José Francisco

"A Minha Boca Parece um Deserto gira “em torno da escassez da água”: “Uma família, uma comunidade desespera quando o céu se mantém azul. Azul doente, dizem. Sinal de que as nuvens não aparecem carregadas daquela cor que anuncia chuva do céu e vida da terra. Só as mulheres desta histórica, avó, filha e neta, mantêm acesa a esperança num novo tempo, num novo céu. Encolhem resignações e tratam o dia a dia como um dia qualquer”. 
In Diário do Alentejo



"A terra, comovida, germinou vida a perder de vista. Sinais de verdura começaram a despontar aqui e acolá. Cores às quais os olhos já não estavam habituados, surgiram em flores, em árvores, em milho, em batata-doce,em... Pareciam automáticas. Lágrima na terra a cor desenterra, pensei. A minha avó e a minha mãe regressavam ao nosso abraço e não parávamos de hidratar as suas mãos, para que estas retomassem a engravidar a esperança."

Fonte: contracapa do livro

Jorge Serafim é narrador de contos tradicionais e promotor do livro e da leitura há 20 anos, tendo trabalhado inicialmente na Biblioteca de Beja.
Jorge Serafim na 22ª Feira do Livro em Arganil.

Obra disponível na rede de bibliotecas do concelho de Arganil
Boas leituras!!!

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