A Máquina do Tempo Autor: Herbert George Wells Tradução: Alexandre Emílio Edição: Público Comunicação Social SA, 2004 |
"Voltei a levantar a vista até à figura branca agachada e, de repente, realizei toda a temeridade da minha viagem. O que iria surgir depois dessa cortina de névoa se dissipar completamente? o que não teria acontecido ao Homem e se a crueldade se tivesse tornado uma paixão comum? E se, entretanto, a espécie tivesse perdido a humanidade e se houvesse transformado em algo inumano, sem sentimentos e esmagadoramente poderoso? eu poderia parecer-lhes um animal selvagem do velho mundo, assustador e repelente, devido aos nossos traços em comum - uma asquerosa criatura a eliminar de imediato".
Fonte: contracapa do livro
"À data da sua publicação, A Máquina do Tempo (1895) foi um êxito imediato. Nela, Wells parodiava com a estrutura de classes na Inglaterra e a sociedade capitalista da época para mostrar, numa comunidade futura imaginária, os horrores de um progresso descontrolado e pouco social. O seu protagonista realiza uma viagem no tempo em direcção ao futuro, utilizando para tal uma máquina construída por ele mesmo, que o transporta através da quarta dimensão, à cidade de Londres, no ano de 802701. Ali, o nosso viajante procura compreender uma estranha civilização formada por duas raças muito diferentes: os morlocks e os eloi, para poder perceber as razões que levaram a humanidade a evoluir dessa forma. Depois de estudar no terreno os habitantes da cidade do futuro, descobre que os morlocks, que vivem debaixo da terra e realizam todo o trabalho, se alimentam dos eloi; e que os eloi, infantis, irresponsáveis e incapazes de aprender, vivem ociosos, mas com um medo constante da escuridão, bem como dos seus predadores, os morlocks. Por fim, o viajante chega à conclusão de que as desigualdades sociais da sua época, ao serem potenciadas ao longo da História, resultam da separação do ser humano em duas raças: os morlock, descendentes dos embrutecidos trabalhadores; e os eloi, herdeiros da inoperante aristocracia.
O livro, apoiando-se no socialismo utópico, nas últimas teorias científicas e na sua deslumbrante imaginação, descreve o pessimismo de Wells relativamente ao destino a que estaria voltada a humanidade caso não se pusesse termo às atrozes desigualdades sociais da época."
Fonte: Badana do livro
"A Máquina do
Tempo" foi a primeira obra de ficção publicada por Wells e traduziu-se
num sucesso imediato. De um dia para o outro o pobre e anónimo professor de
ciências Herbert George Wells transformou-se no celebérrimo autor de ficção
científica H. G. Wells, cuja fama e influência nunca mais desapareceriam até ao
fim dos seus dias - e mesmo para além deles.
Nascido em 1866 em Bromley, no Kent, numa família de modestíssimos
recursos, Wells teve de começar a trabalhar aos 14 anos de idade, tendo sido
sucessivamente aprendiz de fanqueiro, de droguista e contínuo numa escola. A
primeira grande viragem da sua vida acontece aos 18 anos quando conquista uma
bolsa para estudar biologia na Normal School of Science, em Londres, que leva a
cabo então uma revolucionária experiência pedagógica de ensino livre. É aí onde
encontra professores de excepcional gabarito como o famoso biólogo darwinista e
agnosticista militante T.H. Huxley (avô do escritor Aldous), que o marcarão
para sempre. Em 1888 obtém o seu diploma pela Universidade de Londres e
torna-se o professor de ciências que, em 1895, a fama literária de "A Máquina do Tempo" virá arrancar
para sempre do anonimato.
H. G. Wells (1866-1946) |
Escrito como um relato oral - o Viajante no Tempo conta a sua história a
uma roda de amigos, em torno da lareira - "A Máquina do Tempo" não só conquistou os leitores britânicos
com a sua excitante narrativa como se tornaria no livro fundador da moderna
ficção científica. Nos anos seguintes, Wells traria à luz outras obras de
referência da ficção científica, como "A Ilha do Dr. Moreau" (1896), "O Homem invisível" (1897) e "A Guerra dos mundos" (1898), aos quais se seguiriam muitas
obras de outros géneros, da ficção humorística ao ensaio histórico e ao
manifesto político.
Homem dotado de uma profunda consciência
social, activista socialista, militante pela paz mundial e pela igualdade,
defensor dos direitos das mulheres e da liberalização dos costumes, crente no
papel emancipador da educação, polemista e panfletário, Wells manifestou
durante quase toda a sua vida uma profunda fé no progresso humano e na
capacidade libertadora da ciência. "A
Máquina do Tempo", porém, exibe um pessimismo sobre o futuro da
humanidade que o autor voltaria a adoptar, anos mais tarde, primeiro após a
experiência da Primeira Grande Guerra, e definitivamente após a Segunda Guerra
Mundial - que o fez perder a esperança em qualquer progresso social.
Wells escreveu e reescreveu "A Máquina do Tempo" cuidadosamente, ao longo de sete anos,
segundo mostram as suas notas e rascunhos. O resultado é um pequeno grande
livro, que se lê de um fôlego, inesquecível não só pelas suas peripécias mas
pelas profundas questões que coloca sobre o homem, a sociedade e o futuro, e
que nos deixa, no meio da imagem de um mundo impiedoso e idiotizado, apenas o reflexo
de uma ténue esperança.”
Por José Vitor MalheiroIn http://static.publico.pt/sites/coleccaojuvenil/livros/18.MaquinadoTempo/texto3.htm
Obra disponível na rede de bibliotecas do concelho
de Arganil
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