Ilustrado por André Letria e editado pela Câmara Municipal de Lisboa em 1999 |
"Era uma vez um cravo
nascido no mês de Abril
para enfeitar a tarde
de uma festa infantil
Era vermelho e fresco
como um fruto da estação
e posto numa lapela
fazia um figurão
Tinha irmãos aos molhos
nascidos na mesma altura
e juntinhos dentro d'água
pareciam uma pintura
Uma pintura a aguarela
feita por mão amadora
em dia de Primavera
sem perder pela demora
A florista do bairro
tinha os cravos guardados
para festas de noivado
e também para baptizados
E esse cravo de Abril
de um vermelho tão vivo
olhava o mundo em redor
com o seu olhar altivo
Mas era um cravo triste
porque triste era o país
e a sua tristeza ia
desde a caule à raiz
(...)
Mas nessa noite acordou
ao ouvir na telefonia
uma música bonita
que anunciava alegria
um cantor chamado Zeca
dizia no seu refrão
que era tempo de amizade
com um travo de emoção
E esse cravo de Abril
ouviu marchas militares
e viu sair os soldados
entre vivas e cantares
(...)
Tinha um filho na guerra,
outro em Paris exilado
e sonhava com o dia
de os ter de novo a seu lado
Esse dia estava perto
e ela bem o sabia
por isso limpou as lágrimas
e colou-se à telefonia
As noticias eram boas
e fresquinhas como cravos
e a alegria nas praças
custava poucos centavos
(...)
O soldado agradeceu
com o rosto iluminado
levantou bem alto o cravo
no seu tanque engalanado"
(...)
(...)
(...)
Fonte: texto e ilustrações do interior do livro
Esta e outras obras acerca da temática do 25 de abril estão disponíveis na
Rede de Bibliotecas do concelho de Arganil
Rede de Bibliotecas do concelho de Arganil
Boas Leituras!
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