Ilustrações de Afonso Cruz, um livro editado pela Texto Editores em 2010 |
”Há
dias estranhos na vida de toda a gente, mas o Dr. Serafim nunca teve um tão
misterioso como aquele em que ia dar consulta à senhora Adriana. Nesta
divertida história podes reconhecer uma série de onomatopeias. Depois de a
leres, vais, de certeza, dar mais atenção à pontuação.”
Fonte:
contracapa do livro
"Naquela manhã, a chuva fazia ploc,
ploc com tanta força que chegou aos ouvidos do Dr. Serafim poucos minutos antes
do trrrrim do despertador, interrompendo o seu ruidoso ressonar.
Ao ver as horas, o Dr. Serafim lamentou-se para a mulher:
«Ai, ai... Hoje vou dar consultas o dia inteiro...»
Ao ver as horas, o Dr. Serafim lamentou-se para a mulher:
«Ai, ai... Hoje vou dar consultas o dia inteiro...»
E, como a única
resposta que escutou foi o zzzzzzz de quem estava a dormir um sono bem
descansado, desistiu de desabafar e deu um salto da cama no preciso momento em
que o ribombar de um trovão o avisava de que o tempo não estava para brincadeiras.
Duas horas antes, nos arredores da cidade, o cocorócocó do galo anunciava que a noite tinha terminado.
A senhora Adriana não acordou bem disposta. Era o dia da sua consulta, tinha de estar no médico às nove horas em ponto para ver se conseguia curar aquela bronquite. (...)
A senhora Adriana era conhecida pelo seu mau feitio. E também por estar sempre a dar ordens ao seu marido (...).
Entretanto, o Dr. Serafim saía para o trabalho. Distraído enquanto se dirigia para o carro, começou a escutar o tchap-tchap dos seus sapatos numa poça de água. Com os pés encharcados, voltou para casa.
«Grrrr... Que maçada!», pensou. «Assim vou chegar atrasado!»
(...) Quanto à senhora Adriana, conhecedora das partidas que a natureza pregava naquelas alturas do ano, atravessou a quinta com as suas galochas impermeáveis (...).
Já em casa, o Dr. Serafim tentava recuperar da queda. (...) Alguém tocava à campainha; e era a porteira:
- Dr. Serafim, bateram no seu carro. Está lá em baixo um senhor à sua espera para tratarem dos papéis!
(...) Decidida, caminhou em direccao ao consultório e, assim que chegou - tlim-tlim - tocou à campainha.
(...) Nada. A porta do consultório permanecia imóvel.(...)
- Fui eu acordar cedo para isto! - susurrava entre dentes.
já passava das nove e meia quando a senhora Adriana perdeu a paciencia: «Vou para casa mais a minha bronquite, mas o Doutor vai saber que eu estive cá! Ai isso é que vai! Vou perguntar se hoje não há consultas!»
(...)
Pouco depois, o Dr. Serafim chegou finalmente. Atrasado, cansado, desanimado, entrou pelo consultório adentro com uma velocidade tal que nem reparou no bilhete que a senhora Adriana deixara na porta.
(...)
...resolveu descansar um bocadinho até chegar o próximo paciente. (...) |
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