Textos de Paula Cardoso Almeida Ilustrações de Carla Nazareth com a colaboração de Patrícia Alves e Miguel Gabriel Quidnovi, 2008 |
Começa assim:
"Muitos acharam estranho ouvir um música que tinha sido proibida na ditadura. Mal sabiam que esta era a segunda senha secreta para pôr em marcha a revolução dos capitães do Movimento das Forças Armadas (MFA). Algumas horas antes, o comando operacional do golpe militar tinha-se instalado no Quartel da Pontinha, em Lisboa, de onde o capitão Otelo Saraiva de Carvalho deu todas as instruções. Precisamente na mesma altura em que se ouviu na rádio "E depois do Adeus", a canção insuspeita de Paulo de Carvalho.
A partir deste momento, já não era possível voltar atrás: Muito em breve pôr-se-ia fim a quarenta e oito anos de ditadura.
Tocada a "Grândola Vila Morena", os militares tomaram a Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, de onde saiu, depois, uma coluna, encabeçada pelo capitão Salgueiro Maia (que tinha combatido em Moçambique e na Guiné), com destino a Lisboa. Enquanto isso, foram ocupados o Aeroporto de Lisboa, o Quartel General, o Estado Maior do Exército e os estúdios da RTP da Emissora Nacional."
Era a madrugada de uma quinta-feira chuvosa. Às sete e trinta da manhã foi emitida pelo RCP uma nova nota histórica, onde se explicava que tinham sido desencadeadas uma série de acções para libertar Portugal do regime que o dominava.
O país estava em alvoroço. Não se sabia muito bem se era uma guerra ou uma festa.
Em desespero de causa, Marcello Caetano tentou travar a revolução: ordenou que a fragata Gago Coutinho bombardeasse o Terreiro do Paço, mas o telefonema foi interceptado pelos revolucionários que de imediato ameaçaram o comandante da fragata de represálias.
Já perto do meio dia os capitães puseram-se a caminho do Quartel do Carmo, onde estavam escondidos Marcello Caetano e dois dos seus ministros. à espera de Salgueiro Maia estavam alguns militares do regime, que, contudo, acabaram por se juntar à revolução. Seguia-os uma multidão. Dois ou três ardinas começaram a distribuir os primeiros jornais não censurados e, quase em simultâneo, as floristas começaram a oferecer cravos vermelhos aos militares, que os colocaram nas suas armas. E assim o cravo transformou-se no simbolo da revolução, fazendo com que este acontecimento - talvez o maior da nossa História - ficasse também conhecido pelo nome de Revolução dos Cravos."
Fonte: textos e ilustrações do interior do livro
E para descobrir mais sobre esta Revolução basta requisitar o livro que se encontra disponível na Rede de Bibliotecas do concelho de Arganil
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