Ynari: a menina das cinco tranças Um livro de Ondjaki com ilustrações de Danuta Wojciechowska Editado pela caminho em 2004 |
“Ynari é uma menina com cinco tranças e muita vontade de conhecer outras aldeias.
Perto do rio, Ynari encontra um homem pequenino e descobre que a guerra também faz parte do mundo. Com a ajuda das suas cinco tranças, a menina vai mostrar que as crianças, com magia e ternura, podem mudar todas as aldeias e acabar com todas as guerras.
Numa viagem de sensibilidade e sabedoria, com estrelas e cores, é possível inventar ou destruir palavras. Brincando com os sentidos da vida e da paz, Ynari redescobre uma palavra antiga cheia de uma magia nova: «amizade».
Fonte: www.caminho.leya.com
Começa assim:
“Era
uma vez uma menina que tinha cinco tranças lindas e se chamava Ynari. Ela
gostava muito de passear perto da sua aldeia, ver o campo, ouvir os
passarinhos, e sentar-se junto à margem do rio.
Certa
tarde, já o Sol se punha, Ynari ouviu um barulho. Não eram os peixes a saltar
na água, não era o cágado que às vezes lhe fazia companhia, nem era um
passarinho verde. Do capim alto saiu um homem muito pequenino com um sorriso
muito grande. E embora ele não fosse do tamanho dos homens da aldeia de Ynari,
ela não se assustou.
O
homem muito pequenino andava devagarinho e devagarinho se aproximou.
–
Olá! – cumprimentou.
–
Olá – respondeu Ynari, receando que estivesse a falar alto de mais para o
tamanho do ouvido
do
homem muito pequenino.
– Desculpa, mas não sei o teu nome...
–
Eu também não sei o meu nome... – desculpou-se o homem muito pequenino.
–
Mas chamam-me homem pequenino.
–
Ah, está bem... – sorriu Ynari, enquanto se deitava na relva para ficar mais
perto dele.
–
Eu tenho um nome só, quer dizer, uma só palavra: chamo-me Ynari.
–
Ynari é um nome muito bonito – o homem pequenino sentou-se, ficando, assim,
ainda mais pequeno.
–
Posso fazer uma pergunta, homem muito pequenino?
–
Podes fazer muitas perguntas.
–
De onde vens?
–
Venho da minha aldeia, que fica mais para cima, junto à nascente do rio.
–
E lá, na tua aldeia, são todos pequeninos?
–
Sim, somos todos mais pequenos que vocês, quer dizer, depende daquilo que
entendemos por «pequeno». Não achas?
–
Nunca tinha pensado nisso. Sempre pensei que uma coisa menor fosse uma coisa
pequena...
–
Pode não ser assim... Conheces a palavra «coração»?
–
Conheço! – sorriu Ynari. – E não é só uma palavra, é isto que bate dentro de
nós – e mostrou no seu peito onde o coração batia.
–
Claro, e... O coração é pequeno para ti?
–
É... e não é! Cabe tanta coisa lá dentro, o amor, os nossos amigos, a nossa
família...
–
Vês? – disse o homem mais pequeno que ela. – Às vezes uma coisa pequenina pode
ser tão grande...”
Fonte: interior do livro
Livro
recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 4º ano de escolaridade
Obra
disponível na rede de Bibliotecas do concelho de Arganil
Boas
leituras!
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