terça-feira, 3 de setembro de 2013

Regresso às aulas: sugestões de leitura

Uma aventura na escola
Um livro de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada com ilustrações de Arlindo Fagundes.
Editado pela Caminho em 1985.

 “A escola foi assaltada logo no princípio do ano. Mas, para grande espanto de todos, os ladrões não levaram nada. Seria uma partida dos alunos? Seria obra de um maluquinho? Puseram-se muitas hipóteses, mas nada se descobriu. Os professores, os empregados até a polícia tentaram deslindar aquele mistério. Mas quanto mais tentavam, maior era a confusão...”




Capítulo 3 

Quem terá feito uma coisa destas?


"— Quem? Mas quem?
— É inacreditável! 
— Inconcebível! Sou professora há vinte anos e nunca vi nada parecido! 
— Palavra de honra, que não posso imaginar qual foi a ideia! 
— Uma coisa assim! 
— Quem é que pode ter feito uma coisa destas? Mas quem? 
Naquela manhã, parecia que um vento de loucura tinha varrido a escola. Os professores discutiam acaloradamente ao cimo da escada e em grupos, espalhados ao acaso. Os empregados andavam de um lado para o outro, a gesticular, a bramar, a barafustar. Pareciam furiosos e assustados também... Os alunos corriam todos na mesma direcção, chamando os colegas: 
— Anda ver! 
— Que barraca! 
— Quem terá sido? 
A balbúrdia era enorme! As gémeas pararam surpreendidas. Que seria aquilo? Já tinha tocado, mas ninguém parecia importar-se, o que lhes dava muito jeito, porque, nessa manhã, o despertador não tinha funcionado e elas vinham com medo de já ter falta. Mas, o que quer que estivesse a provocar aquelas reacções, devia ser bem grave! 
— O que é que terá acontecido, ó Luísa? 
— Sei lá! Coisa boa é que não foi... 
Tentaram perguntar a um colega, mas ele limitou-se a dizer: 
— Venham daí, venham... 
As gémeas encolheram os ombros e seguiram-no, escada abaixo, curiosas. — Parece que... A Teresa parou, estupefacta. Não era para admirar que a escola estivesse naquele desvario! 
A toda a volta de um dos pavilhões, alguém tinha escavado um fosso! Tinham mesmo furado o cimento que havia na frente e num dos lados, e, com ferramentas poderosas, tinham aberto uma espécie de vala durante a noite!
 — Isto é espantoso! — murmurou a Luísa, mal acreditando no que via. 
— Para quê? Mas para quê? — repetia uma professora ali ao lado. 
Realmente, não se entendia a finalidade daquela obra absurda. A escola em peso concentrava-se ali, sem saber o que pensar. Toda a gente discutia o assunto, toda a gente dava palpites, trazendo para a conversa ideias perfeitamente loucas! E os mais novos, divertiam-se, radiantes, a saltarem sobre o fosso, ora tomando balanço para atingir a porta do pavilhão ora saltitando a pés juntos, de dentro para fora e de fora para dentro. Como tinha chovido de madrugada, no fundo do fosso havia uma altura de água que tornava os saltos ainda mais excitantes. Quem caísse lá dentro, caía à água! Talvez por isso, um dos rapazes lembrou-se dos castelos rodeados de água por todos os lados, com uma ponte levadiça na porta principal... E, sem dizer nada a ninguém, correu em busca de uma tábua grossa e larga que pudesse servir de ponte! Como ali perto havia um prédio em obras, não lhe foi difícil encontrar o que queria. E, exultante com o seu achado, estendeu a tábua sobre o fosso, e gritou, correndo-lhe por cima: 
— Ao ataque! Ao ataque! Vou conquistar este castelo! 
O desafio não ficou sem resposta. Em poucos instantes, tinham-se formado vários grupos, uns da parte de dentro, a defender, outros da parte de fora, a atacar, agitando paus, usando mochilas a fazer de escudos, tudo na maior algazarra.
— Morte ao inimigo! 
— Ah, cães! Ah, cães! 
— O castelo é nosso! É nosso! 
A Teresa e a Luísa observavam aquilo tudo, deliciadas! Estava uma manhã linda, de Outono. Um ventinho fresco dispersara um pouco as nuvens, que se amontoavam no céu, tomando formas esquisitas e várias tonalidades, desde o branco muito branco até ao quase cinzento.O céu via-se às tiras, de um azul luminoso e brilhante. E o Sol derramava raios dourados sobre aquela cena louca, que os miúdos animavam com os seus gritos, simulando guerras. 
E a certeza de que a primeira aula já lá ía, pois faltavam poucos minutos para tocar, ajudava a tornar aquela manhã de escola numa manhã inesquecível. 
— Que paródia, Luísa! 
— Mas quem é que terá feito uma coisa destas? 
— Parece que isso é o que está toda a gente a perguntar!"

In "Uma aventura na escola pg 24-26"

 

Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 5º ano de escolaridade

Livro disponível na rede de bibliotecas do concelho de Arganil
Boas leituras!

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