O palhaço verde Texto de Matilde Rosa Araújo e ilustrações de Maria Keil Editado pelos Livros Horizonte em 1984 |
"Vou falar-lhes de um palhaço. Tinha um nariz muito grande e uns olhos que brilhavam como estrelas. E no peito um coração de oiro - os olhos brilhavam como estrelas porque ele tinha um coração de oiro. E as mãos, quando estavam fora das luvas brancas, eram grandes, isso eram, mas meigas e bonitas.
O Palhaço era bom. Sonhava muito. Sonhava que no mundo todos deviam ser bons, alegres e bem dispostos.
O Palhaço não tinha pai nem mãe. Vivia sozinho desde criança. Sozinho com o seu coração de oiro.
Um dia olhou o espelho do seu quarto, era ainda rapazito. E disse para a figura que o espelho reflectia:
- tenho tanta graça!
E riu. Riu numa gargalhada que parecia a escala de um piano: Dó! Ré! Mi! Fá! Sol! Isso, Sol. O riso era sol. E os seus olhos estrelas. E o coração de oiro.
Riu outra vez para a figura que o espelho reflectia: Dó! Ré! Mi! Fá! Sol!
E acrescentou:
- Vou fazer rir todos os meninos!
E deitou-se a sonhar."
Fonte: interior do livro
O clássico de Matilde Rosa Araújo,
complementado com as sensíveis ilustrações de Maria Keil.
Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para o 3º ano de escolaridade
A Autora:
Escritora e pedagoga portuguesa, Matilde Rosa Lopes de Araújo, nascida em 1921, em Lisboa.
Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa em 1945. Teve ainda uma apurada formação musical, com a frequência do Curso Superior do Conservatório da mesma cidade.
Personalidade sempre ligada à escrita e ao ensino, foi professora durante longos anos, encarregando-se também da formação de professores no âmbito da literatura para a infância. Enquanto cidadã, dedicou-se aos problemas da criança e à defesa dos seus direitos.
Tendo iniciado a sua vida literária ainda no tempo da frequência universitária, Matilde Rosa Araújo colaborou abundantemente em várias publicações periódicas ao longo das décadas seguintes. Por outro lado, o conjunto dos seus livros (de poesia e narrativa) constitui um dos mais significativos trabalhos de sempre da literatura portuguesa para e sobre a infância e a juventude.
De entre as cerca de três dezenas de títulos publicados, merecem destaque, pela fina sensibilidade que revelam à vivência da infância, obras como O Livro da Tila (1957), O Palhaço Verde (1962), História de um Rapaz (1963), O Reino das Sete Pontas (1974), A Velha do Bosque (1983) e, de 1994, As Fadas Verdes e O Chão e a Estrela.
Matilde Rosa Araújo recebeu vários prémios de relevo no domínio da literatura para a infância. Em 1980, foi-lhe atribuído o Grande Prémio de Literatura para a Infância da Fundação Calouste Gulbenkian (ex aequo). Em 1991 ganhou, no Brasil, um prémio para o melhor livro estrangeiro, atribuído a O Palhaço Verde pela Associação Paulista de Críticos de Arte. O seu livro de poemas As Fadas Verdes recebeu, em 1996, a distinção da Fundação Calouste Gulbenkian para o melhor livro para a infância publicado no biénio 1994-1995.
Em maio de 2004 foi distinguida com o Prémio Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
Faleceu a 6 de julho de 2010, aos 89 anos, na sua casa, em Lisboa.
Fonte: Wook
Para aceder ao Catálogo em linha
Obra disponível na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil
Boas Leituras!
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