Uma Aventura na Noite das Bruxas
Autoras: Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada
Ilustrações de Arlindo Fagundes
Editorial Caminho, 2000 |
“Esta
aventura começa no Café Mistério, espaço estranhíssimo situado na rua principal
da pequena aldeia onde as gémeas, o Pedro, o Chico e o João, mais os seus
famosos cães Faial e Caracol, julgavam que iam passar um fim-de-semana pacato.
Mas afinal depararam-se imediatamente com uma série de enigmas encadeados. Ao
tentar decifrar um, surgia logo outro! A certeza de que naquela aldeia havia
segredos ocultos reforçou-se mal transpuseram os muros da velha casa da coruja.
Marcas intrigantes, sinos repicando a meio da noite sem ninguém lhes tocar,
figuras na parede que pareciam conter mensagens em código... Só mesmo um grupo
com muita imaginação se arriscaria a fazer certas experiências, pois ninguém
sabia ao certo aonde poderiam ir parar!”
Fonte: www.uma-aventura.pt
«De facto os altares estavam
vazios. Não havia santos, nem cruzes, nem livros de missa, mas Lucy
garantiu-lhes de novo que a mãe há muito retirara dali tudo o que pudesse ter
valor.
— Nesse caso por que diabo
insiste em voltar cá, até numa noite de tempestade?
— A única hipótese é andar à
procura de qualquer coisa muito concreta que ele sabe estar aqui ou julga estar
aqui.
— Até pode ser o livro dos
bruxedos.
— Pois pode...
— Irrita-me que nos ande a
fintar com esta limpeza — disse o Chico, remexendo-se sobre a perna que servira
de "instrumento arrombador". — Ainda por cima fiquei dorido à conta
dele.
Olhando para trás, apercebeu-se
de que os cães farejavam insistentemente a escada de caracol.
— Querem ver que o gajo deixou
marcas?
De círios em punho, foram examinar
os degraus. Nas cabeças dos pregos mais salientes encontraram fiapos de tecido
branco. Pedro usou os dedos como pinça e repuxou dois.
— Já sei por que é que ele
gritou e depois gemeu. Estatelou-se pela escada abaixo.
— Como é que descobriste?
— Porque há vestígios de sangue
nestes pedaços de tecido.
— Olha lá — disse a Teresa com
ar de grande descoberta. — Não será a filha do dono do café?
— Hã?
— A pegada de lama, os gemidos, a tosse, o
vulto branco, tanto podem ser de homem como de mulher. — Tens razão — concordou
logo a irmã. — Ela andava vestida de branco.
— E falou em sinos.
— O que é que ela dizia?
— Já não me lembro.
— Eu tenho uma ideia. Falou de
corujas brancas, de badaladas...
— É verdade, vamos ver se o
sino é de prata!
— Se calhar é isso mesmo que
ela quer roubar e não consegue!
— Venham daí, tragam um círio.
— Dois. Tragam dois.
Subiram ao campanário numa
procissão ansiosa mas logo esmoreceram, porque o sino não deixava lugar a
dúvidas: era de bronze.
— Ainda não foi desta que
esclarecemos o mistério — lamentou o Chico. E sem que ele próprio soubesse
porquê, esticou a cabeça pela abertura do campanário e repetiu a palavra mágica
em altos berros:
— Saxurb sadetion.
Fosse por acaso ou fosse por
bruxedo, a verdade é que a tempestade engrossou. Poucos segundos depois as
nuvens cuspiam raios e trovões em simultâneo e com tal fragor que parecia o fim
do mundo. Uma faísca caiu mesmo ao lado da capela e eles fugiram a sete pés
para dentro de casa.
No atabalhoamento da fuga, não
perceberam qual deles ralhou em voz rouca:
— Pára de armar em feiticeiro!
Ou então diz essa maldita fórmula ao contrário...»
Fonte: Uma Aventura na Noite
das Bruxas, pp. 96-97
Se quiseres podes ver o filme baseado no livro:
(disponível no youtube)
(disponível no youtube)
Livro disponível na rede de
Bibliotecas do concelho de Arganil
Boas leituras!
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