terça-feira, 4 de março de 2014

Alice Vieira: como nasce uma escritora

     Está patente na Sala infantil e juvenil uma exposição intitulada "Alice Vieira: como nasce uma escritora". Composta por quatro cartazes os visitantes podem descobrir mais informações acerca da sua vida e obra e encontrar sugestões de leitura que vão desde o romance, ao teatro, à poesia e às histórias tradicionais. Alice Vieira é considerada a escritora portuguesa de livros para jovens mais traduzida e divulgada no estrangeiro.
    A sua escrita é associada a uma crescente capacidade na construção narrativa e ao dom de criar heróis problemáticos, verosímeis e psicologicamente consistentes, o que leva o leitor a não dispensar a sua leitura e a prender-se ao livro de uma forma atractiva...
       



"Porque escrevo para crianças?

“Todos nós gostamos de encontrar um culpado para as aventuras em que nos metemos... É cómodo, é fácil, a gente aponta e diz: «foi por causa dele».
Pois eu também tenho um culpado: posso espetar bem o meu dedo indicador e dizer: 
- O culpado foi ele. Ele é que me levou para esta vida...
Neste caso foi ela. Acho que se não tivesse sido a queixa da minha filha, já lá vão uns sete anos, eu não me teria metido nisto... Portanto, a culpa foi toda, toda dela!
Um dia a Catarina  [actualmente, a escritora Catarina da Fonseca, filha de Alice Vieira e do escritor e critico de televisão Mário Castrim] chegou a casa e disse:
- Já li todos os livros que há para ler.
Fez uma pausa e disse:
- E agora, o que é que leio?
A Catarina tinha então nove anos, lia muito: não, evidentemente todos os livros que existiam, mas todos os que habitualmente se davam a quem tinha a sua idade.
- E agora? – repetia ela, com aquele ar solene que arranja nas ocasiões difíceis... Eu ia tentando dar uma ajuda (lê este, e mais este, e mais aquele) mas eram ajudas inúteis (já li, já li, já li...). Foi então que dei comigo a dizer-lhe:
- Então, se já leste tudo o que há, vamos nós as duas escrever um livro!
Meti papel à máquina e do bater dos dedos nas teclas saiu esta frase: «Quando a minha irmã nasceu o meu desapontamento foi tão evidente que a minha mãe, abafada entre lençóis e cobertores da cama do hospital, me disse: Ela vai crescer num instante!»
Olhei para esta frase, uma, duas, muitas vezes, e a partir dela outras vieram, e mais outras, até que o primeiro capítulo do livro estava feito. E cada capítulo que nascia era lido e discutido com a Catarina, feliz de participar naquela aventura...
E nunca mais parei. Tudo por causa da Catarina. Que hoje continua a ler tudo, e que escreve melhor do que eu.” 

In De que são feitos os sonhos : a antologia diferente.
Coord. de Luísa Ducla Soares. Areal Editores, D.L.1985. 


Rosa, minha irmã Rosa com ilustrações de Henrique Cayatte
Editado pela Caminho.

A trilogia Rosa, Minha Irmã RosaLote 12 - 2º Frente  e Chocolate à Chuva

No primeiro volume o nascimento da irmãzinha Rosa provoca conflitos internos a Mariana, conflitos esses que ao longo das páginas se vão resolvendo da melhor maneira; no segundo, a mudança da casa alugada para uma habitação própria, num
pequeno andar novinho em folha num bairro económico também novinho em folha e, mais precisamente, na rua que tem o nome seco de “Rua Projectada à Praça B”, cria-lhe problemas de outro tipo, mas não menos angustiosos. Não tenho dúvidas de que, numa considerável parte destes dois livros, as crianças se encontram, se identificam.”

 (Ilse Losa - “A propósito de dois livros de Alice Vieira – Contos de fadas, sim ou não?”.
O Jornal, 3/4/1981).  


Lote 12- 2º Frente com ilustrações de Henrique Cayatte.
Editado pela Caminho.

Chocolate à Chuva

Em Chocolate à Chuva «Mariana é confrontada, entre outros problemas, como um bem difícil: o divórcio. Os pais da Rita, sua amiga de sempre, tomam essa decisão. É a ruptura. É o fim da “casa da Rita”, é o “tremer” das coisas sólidas. Mariana vai entrar no emaranhado dos “quês” e “porquês” e vai-se sentir impotente para ajudar a Rita.» Mas Chocolate à Chuva é também «uma maneira fascinante de acompanhar o crescimento de uma adolescente atenta não só ao que se passa em redor dela mas também à sua própria evolução»”.

(Clotilde Costa in Diário de Noticias, 16/11/1982)


"Chocolate à chuva"com ilustrações de Henrique Cayatte.
Editado pela Caminho

Visita a exposição e requisita livros da Alice Vieira!     

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