Está
patente na Sala infantil e juvenil uma exposição intitulada "Alice
Vieira: como nasce uma escritora". Composta por quatro cartazes os
visitantes podem descobrir mais informações acerca da sua vida e obra e
encontrar sugestões de leitura que vão desde o romance, ao teatro, à poesia e
às histórias tradicionais. Alice
Vieira é considerada a escritora portuguesa de livros para jovens mais
traduzida e divulgada no estrangeiro.
A sua escrita é associada a uma crescente capacidade na construção narrativa e ao dom de criar heróis problemáticos, verosímeis e psicologicamente consistentes, o que leva o leitor a não dispensar a sua leitura e a prender-se ao livro de uma forma atractiva...
A sua escrita é associada a uma crescente capacidade na construção narrativa e ao dom de criar heróis problemáticos, verosímeis e psicologicamente consistentes, o que leva o leitor a não dispensar a sua leitura e a prender-se ao livro de uma forma atractiva...
"Porque
escrevo para crianças?
“Todos nós gostamos de
encontrar um culpado para as aventuras em que nos metemos... É cómodo, é fácil,
a gente aponta e diz: «foi por causa dele».
Pois eu também tenho um
culpado: posso espetar bem o meu dedo indicador e dizer:
- O culpado foi ele. Ele é que
me levou para esta vida...
Neste caso foi ela. Acho que se
não tivesse sido a queixa da minha filha, já lá vão uns sete anos, eu não me
teria metido nisto... Portanto, a culpa foi toda, toda dela!
Um dia a Catarina [actualmente,
a escritora Catarina da Fonseca, filha de Alice Vieira e do escritor e critico
de televisão Mário Castrim] chegou a casa e disse:
- Já li todos os livros que há
para ler.
- E agora, o que é que leio?
A Catarina tinha então nove
anos, lia muito: não, evidentemente todos os livros que existiam, mas todos os
que habitualmente se davam a quem tinha a sua idade.
- E agora? – repetia ela, com
aquele ar solene que arranja nas ocasiões difíceis... Eu ia tentando dar uma
ajuda (lê este, e mais este, e mais aquele) mas eram ajudas inúteis (já li, já
li, já li...). Foi então que dei comigo a dizer-lhe:
- Então, se já leste tudo o que
há, vamos nós as duas escrever um livro!
Meti papel à máquina e do bater
dos dedos nas teclas saiu esta frase: «Quando a minha irmã nasceu o meu
desapontamento foi tão evidente que a minha mãe, abafada entre lençóis e
cobertores da cama do hospital, me disse: Ela vai crescer num instante!»
Olhei para esta frase, uma,
duas, muitas vezes, e a partir dela outras vieram, e mais outras, até que o
primeiro capítulo do livro estava feito. E cada capítulo que nascia era lido e
discutido com a Catarina, feliz de participar naquela aventura...
E nunca mais parei. Tudo por
causa da Catarina. Que hoje continua a ler tudo, e que escreve melhor do que
eu.”
In De que são feitos os
sonhos : a antologia diferente.
Coord. de Luísa Ducla Soares. Areal Editores, D.L.1985.
Coord. de Luísa Ducla Soares. Areal Editores, D.L.1985.
A trilogia Rosa,
Minha Irmã Rosa, Lote 12 - 2º Frente e Chocolate
à Chuva
“No primeiro volume o nascimento da irmãzinha
Rosa provoca conflitos internos a Mariana, conflitos esses que ao longo das
páginas se vão resolvendo da melhor maneira; no segundo, a mudança da casa
alugada para uma habitação própria, num
(Ilse
Losa - “A propósito de dois livros de Alice Vieira – Contos de fadas, sim ou
não?”.
O Jornal, 3/4/1981).
Chocolate à Chuva
“Em Chocolate à Chuva «Mariana é confrontada,
entre outros problemas, como um bem difícil: o divórcio. Os pais da Rita, sua
amiga de sempre, tomam essa decisão. É a ruptura. É o fim da “casa da Rita”, é
o “tremer” das coisas sólidas. Mariana vai entrar no emaranhado dos “quês” e
“porquês” e vai-se sentir impotente para ajudar a Rita.» Mas Chocolate à Chuva
é também «uma maneira fascinante de acompanhar o crescimento de uma adolescente
atenta não só ao que se passa em redor dela mas também à sua própria evolução»”.
(Clotilde
Costa in Diário de Noticias, 16/11/1982)
"Chocolate à chuva"com ilustrações de Henrique Cayatte. Editado pela Caminho |
Visita a
exposição e requisita livros da Alice Vieira!
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