“Esta
é a história de uma velha mulher que estava em casa sozinha, sem nada para
fazer. Os longos e frios dias de Inverno pareciam-lhe ainda mais frios e mais
compridos. "Do que eu preciso é de um bom livro", pensou. E foi à
vila mais próxima procurar uma livraria.
- Que livro deseja? - perguntou-lhe o livreiro com
um estranho sorriso.
- Quero um livro que conte uma história... -
respondeu a mulher.
(…) - Tenho a certeza que é este livro que a
senhora deseja...
A mulher, embora achasse o livro demasiado sujo e
gasto, resolveu levá-lo. Quando chegou a casa, sentou-se num cadeirão e começou
a lê-lo: "Era uma vez uma menina ruiva, muito linda, que vivia numa
pequena aldeia. O seu pai era sapateiro e a sua mãe bordava toalhas e lençóis
de linho...".
- Ah! Tal e qual eu, o meu pai e a minha mãe -
disse a velha mulher. - Esta história é muito parecida com a minha.
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Ilustração de António Modesto |
E continuou a ler, entusiasmada. De coincidência em coincidência foi avançando rapidamente até perceber que aquele livro contava, passo a passo, a história da sua própria vida.
- Como é possível? - gritou ela, confusa e assustada.
Mas não resistiu à tentação e leu a página seguinte e a outra e depois mais outra ainda. Era como se estivesse a folhear o velho álbum das fotografias de família ou como quando alinhava, à noite, junto à lareira, as suas recordações.
Leu até à página onde estava escrito que ela fora comprar um livro e estava a lê-lo, sentada numa cadeira. Aí parou, mais assustada ainda, porque naquelas poucas páginas ainda por ler estava escrito o seu futuro.
Fechou o livro com força, levantou-se e foi à vila procurar o livreiro que lhe vendera tão estranho livro, mas não o encontrou. (…)”
Livro disponível
na rede de Bibliotecas do concelho de Arganil
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